28 de fev. de 2010

Lunar


A ficção científica, para o desapontamento de muita gente, nem sempre é feita de naves mirabolantes ou de improváveis explosões no vácuo do espaço, muitas vezes ela é pura e simplesmente um conceito, e cabe a quem lê ou assiste, entendê-lo.
Existem porém, algumas coisas que jamais podem faltar em determinados gêneros cinematográficos e uma delas é orçamento. Você pode ter um roteiro primoroso, uma ideia fantástica, um elenco considerável, mas sem grana, as coiss se complicam bastante, pois acabamos sendo premiados com efeitos especiais e cenografia do tempo em que o Chaves era novidade nas telas. O orçamento não é grande? Aí entra então um outro recurso tão importante quanto, a experiência.
Este é o primeiro filme do diretor Duncan Jones. Tá, o cara é novo nas telonas, mas não em direção, pois já dirigiu comerciais e clipes musicais, além de ser formado em Filosofia. Isto bastaria para ele imprimir um ritmo diferente ao filme, sem transformá-lo em um filme de ação. A escolha de Sam Rockwell também não foi uma das coisas que me agradou. Não que o cara não seja bom, mas num filme onde ele é praticamente a única pessoa na tela quase 100% do tempo, a escolha poderia ter sido melhor. Acho que o orçamento para elenco deve ter sido quase todo usado para a dublagem que Kevin Spacey fez do computador do filme. Talvez, se houvesse uma troca entre os atores, o diretor tivesse sido mais feliz, mas chega de malhar o Judas.

Sobre o filme
Com a descoberta de um mineral de alto poder energético na superfície da Lua, uma empresa envia um funcionário para viver por três anos na estação, completamente sozinho, tendo por companhia um robô (dublado por Kevin Spacey), que controla tudo na estação. Infelizmente, um acidente ocorre na sua chegada e a empresa, já esperando o pior, resolve ativar clones deste funcionário, sendo que a vida útil de cada clone coincidentemente é de três anos. Ao final deste período, o clone antigo é descartado e um novo é despertado e começa a agir como se acabasse de chegar. Tudo vai indo bem, até que um clone é despertado antes do anterior esticar as canelas.
A primeira vista, alguém pode achar que o filme é uma cópia de algum outro. Não é. O diretor deixa claro nos extras que ele se inspirou sim em alguns clássicos do gênero e que fez algumas homenagens a estes filmes. Realmente o filme é bem parado, mas em uma história que conta a vida de um único homem vivendo isolado na Lua não poderia ser diferente, mas quando disse que o filme poderia ter um outro ritmo, entenda-se uma outra visão sobre o tema, uma abordagem diferente, talvez uma trilha incidental mais contundente fosse o suficiente.
Não existe um clima de suspense, nem de ação, ele tenta insinuar algum drama quando a realidade dos clones é descoberta, mas fica nisso. A dublagem do robô poderia ter sido mais aproveitada, se o robô não fosse feito em computação gráfica. Era uma caixa que andava pendurada no teto, com uma tela mostrando caretinhas que pretendiam ilustrar algum sentimento que pudesse estar implícito em suas falas.
Não é um filme simplesmente para assistir e ficar de boa, ele exige que se pense um pouco em tudo para ser entendido. Renato Russo uma vez cantou: "Festa estranha com gente esquisita..." Este é um filme meio estranho, eu tenho um gosto meio esquisito às vezes para filmes, nos demos bem no fim das contas. Se alguém quiser arriscar, me conta o que achou depois...


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