1 de abr. de 2011

A Onda

Até onde vai a autoridade de um líder? Até onde podem ir as pessoas que decidem seguir um determinado movimento? É possível que uma ideia boa e despretensiosa tome proporções digamos catastróficas? Uma vez vi em algum lugar, não sei quem disse, que o indivíduo é tolerante, mas a coletividade é burra. Talvez isso explique atos de violência tão comuns entre torcidas em partidas de futebol, ou quando alguém faz algum ato impensado em uma manifestação. O fato é que o ser humano é um animal complicado de lidar quando em bando, a massa insana é capaz de atos inimagináveis e nos força a uma reflexão sobre o poder que algumas pessoas tem sobre a multidão.

Sobre o filme
Professor frustrado por ter de trabalhar com um tema diferente do que pretendia, resolve fazer o máximo possível para segurar a atenção dos alunos durante um projeto de uma semana onde eles estudarão regimes autoritários e ditatoriais. O que aparentemente corre de forma tranquila e pacífica, começa a se transformar em um movimento elitista promovendo a segregação dentro da escola e atraindo a atenção de outros alunos de outras classes. Como resultado, o professor acaba sendo considerado o grande líder do movimento e enfrenta grande resistência para encerrar o projeto.
Há muito, muito, mas muito tempo atrás, eu assisti a um filme na TV que, apesar de eu ser um completo moleque na época (mais do que sou hoje), me deixou assustado. Não se tratava de nenhum filme de terror ou coisa parecida, era um filme sobre dominação de pessoas. Um professor induziu uma escola toda a segui-lo como líder inquestionável e no fim as coisas acabaram saindo do controle. Quem disser que isso não assusta com certeza não conhece nada de história, nem de coisa nenhuma, pois estamos repletos de exemplos de como esse tipo de “liderança” pode terminar. Quando encontrei na locadora um filme com o mesmo nome, pensei que fosse o filme original relançado, mas para minha surpresa, este se trata de um remake do original de 1981 e para aumentar meu espanto, feito na Alemanha contemporânea, unificada e globalizada. Dá para imaginar alguém propondo um experimento deste tipo, em pleno século XXI, em um país tão marcado pela ditadura nazista de Hitler? Justamente por ser falado em alemão, a Onda seja tão impactante e tão real quando se fala de regimes fascistas.
Quando fazemos a reflexão que propus no início deste post, vemos que A Onda é um filme que assusta, pois como é citado no próprio filme, a juventude de hoje vive sem propósitos, sem desafios. É uma geração que acredita que, por terem vontade algo, então somos obrigados a ceder, segundo bem explica Mário Sérgio Cortella, e com isso em mente, imagine do que seria capaz esta juventude se devidamente liderada por alguém sem algum tipo de escrúpulo. Se por um lado é deprimente vermos nossos jovens assim, tão sem propósitos na vida, por outro lado não podemos esquecer que nossa geração não gerou nenhum grande modelo a ser seguido. Não existem grandes causas a serem abraçadas, tudo é efêmero demais, volátil demais, a enxurrada de informações que nocauteiam a juventude de hoje torna tudo descartável e não há razão em se prender a nada. Isso é lastimável, mas ainda acredito que isso nos mantenha a salvo um pouco.

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